“contenção de gastos”

“Austeridade seletiva: enquanto corta salários de servidores, presidente da Câmara gasta R$ 1,6 milhão com propaganda”

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Em tempos de suposta “contenção de gastos”, a Câmara Municipal de Campo Grande protagoniza mais um episódio de austeridade seletiva, revelando o abismo entre o discurso oficial e a prática administrativa. O presidente da Casa, vereador Epaminondas Neto, o Papy (PSDB), anunciou um corte linear de 5% no orçamento dos gabinetes a partir de novembro, com duração de três meses. A medida, segundo ele, visa manter o equilíbrio fiscal da instituição. Mas os números revelam outra história.

Enquanto pesa a mão sobre os servidores comissionados, muitos dos quais sustentam suas famílias com salários modestos, Papy autorizou, apenas nos últimos dois meses, o gasto de R$ 1.677.000,00 (um milhão seiscentos e setenta e sete mil reais) com serviços de publicidade institucional. O valor pago a agências de propaganda escancara o verdadeiro critério por trás da gestão: corte nos pequenos para manter os privilégios dos grandes.

A decisão de impor cortes nos gabinetes transfere aos próprios vereadores o ônus da medida — cada um poderá decidir como repassar o impacto: por meio de exonerações ou redução salarial dos assessores. Com isso, o presidente se isenta da responsabilidade e terceiriza a crise criada, em grande parte, por decisões políticas internas mal planejadas.

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O discurso de “prevenção fiscal” perde completamente a legitimidade quando confrontado com os gastos publicitários milionários. Em vez de rever contratos supérfluos ou limitar despesas de gabinete com finalidades questionáveis, o presidente opta por manter a máquina de propaganda funcionando a pleno vapor, provavelmente de olho na construção de imagem pessoal e política — às custas do dinheiro público.

Mais do que uma contradição, a decisão de Papy representa um claro desrespeito ao contribuinte e aos servidores da Casa. Em um momento em que a população clama por responsabilidade, transparência e empatia por parte dos gestores públicos, o presidente da Câmara opta por blindar os interesses políticos em detrimento de quem sustenta, na prática, o funcionamento do Legislativo municipal.

É preciso lembrar: austeridade que não começa por cima é apenas injustiça maquiada de responsabilidade. E nesse cenário, a maquiagem já está derretendo.

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