Os cenários administrativos e pré-eleitorais não poderiam ser mais estimulantes para o governador Eduardo Riedel (PSDB). Bem avaliado pela população e liderando as intenções de voto para 2026, quando vai tentar a reeleição, ele ainda está incomodado por um peso que assumiu carrregar desde que foi lançado pelo governador Reinaldo Azambuja em 2022 para concorrer à sucessão estadual: a sombra do seu “padrinho” na política.
Do lançamento da candidatura há três anos à primeira e vitoriosa campanha eleitoral, acrescentando o tempo de governo, Riedel continua sendo visto como um produto político que só existe pela vontade do ex-governador. À frente do Executivo desde janeiro de 2023, já lá se foram para ele 29 meses tendo nas mãos a caneta mais poderosa do Estado. E este período significa mais de um terço de seu mandato, que terá duração já no próximo ano.
Riedel não conseguiu emplacar na opinião pública a ideia de que não é mais o “candidato” do “governador” ou a “cria do Reinaldo”. É ao mesmo tempo uma deferência elogiosa, à qual se contrapõe um estigma cruel, o de sugerir alguém que brilha com faróis emprestados, sem ter a própria luz para demonstrar que também é capaz de iluminar caminhos e oportunidades.
Se o seu governo assina obras, programas e investimentos bem-sucedidos, carimbados pela propaganda oficial com seu nome, é o DNA de Azambuja que tem maior visibilidade como gerador destas ações. Um dos grandes símbolos da prática administrativa local incensada em todo o País por indicadores de gestão é o municipalismo, modelo instituído pelo governo anterior. Vale pontuar que Azambuja soma dois mandatos de prefeito (em Maracaju) e foi presidente d Associação dos Municípios (Assomasul), o que lhe reforça esta identificação.
Riedel fecha o mês de maio, a 14 meses do início da campanha eleitoral, com maioria segura das intenções de voto em todas as pesquisas divulgadas. E, em seu íntimo, talvez esteja remoendo a falta de sucesso na tentativa de entrar na disputa sendo ele próprio, Eduardo Riedel, um governador que governou sem precisar de terceiros para conduzir suas mãos e tomar suas decisões com a caneta do poder.
