O domingo (14) em Campo Grande foi de registro da pior umidade do ar entre Capitais do Brasil e com Mato Grosso do Sul liderando calor extremo no País. Assim, o governo de Eduardo Riedel (PP), que propala um “prospero Estado” ante diversas notícias que o Pauta Diária vem mostrando o contrário, tem mais um problema de despreparo. Veja abaixo, um exemplo bem próximo, que estiagem prolongada e cidades acima dos 40°C, tem cenário climático a agravar risco de incêndios e a atingir saúde da população.
Ontem, Campo Grande teve a menor umidade relativa do ar entre todas as capitais brasileiras, com apenas 14%, enquanto enfrentava temperatura de 37,7°C. Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), o calor intenso e a secura colocam o MS no centro de um alerta climático: três cidades do Estado (veja abaixo), estão entre as mais quentes do Brasil, superando 40°C nas últimas 24 horas.
A intensificação dos eventos climáticos extremos no país, em episódios como o vivido em MS tendem a se tornar mais frequentes e severos. O alerta ao clima extremo já é realidade e o custo do despreparo pode ser alto. A população deve evitar exposição prolongada ao sol, manter a hidratação constante e usar umidificadores ou toalhas úmidas nos ambientes fechados.
A climatologista Dra. Karina Lima, Universidade de Brasília, reforça que “a junção de estiagens prolongadas, altas temperaturas e baixa umidade já é uma consequência direta das mudanças climáticas globais”, alertando à necessidade de políticas públicas de mitigação e adaptação.
Enquanto isso, autoridades do governo Reidel, fazem pequenas campanhas de conscientização sobre o uso racional da água, proibição de queimadas e cuidados com a saúde. Mas, reconhecem que a infraestrutura atual é insuficiente para lidar com crises simultâneas de calor, seca e incêndios. Basta lembrar do último mega incêndio no Pantanal, que durou meses em 2023 e arrasou com o Meio Ambiente do eco sistema.
Exemplo a poucos dias
A falta ou pouco preparo governamental local, já foi visto a curto prazo e a poucos dias, neste sábado (13), que o Corpo de Bombeiros atuava contra fogo que começou por volta das 15h40 da sexta-feira (12), em pequena área de mata no Parque dos Poderes, em Campo Grande.
As chamas avançaram para dentro da vegetação e exigiram o uso de bombas costais, além de mangueiras posicionadas pelo lado externo da cerca. A fumaça e a fuligem chegaram até o canteiro central da Avenida Desembargador José Nunes da Cunha, em frente à sede da SAD (Secretaria de Estado de Administração), que fica próxima à área atingida.
O risco de o incêndio alcançar o prédio da secretaria, foi até iminente, mesmo a área sendo relativamente pequena, mas seca. Mas, mesmo assim, apenas duas equipes dos bombeiros foram mobilizadas, totalizando seis militares. Uma atuo pela Avenida José Nunes e a outra pela rua de trás. Para o trabalho, foram usadas uma viatura de combate a incêndio florestal e uma ABT (Auto Bomba Tanque).
Veja demais municípios de MS com calor extremo
Aquidauana liderou o ranking nacional com 40,8°C, seguida por Porto Murtinho (40,4°C) e Coxim (40,3°C). Nessas regiões, os índices de umidade do ar também ficaram criticamente baixos, atingindo 12% em Aquidauana — valor comparável ao de desertos como o Saara em determinadas épocas do ano.
Em Cassilândia, Costa Rica e Coxim, a umidade variou entre 14% e 15%, níveis considerados de emergência pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que recomenda índices mínimos de 60% para conforto e segurança à saúde.
Estiagem prolongada e efeitos no cotidiano
O cenário é agravado por uma estiagem persistente, que já dura semanas e não deve ter alívio até pelo menos o fim de setembro.
Segundo o Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), os modelos climáticos apontam para baixos volumes de chuva nos próximos dias, com acumulados que devem variar entre 10 mm e 70 mm até o dia 26 — e ainda assim, com maior concentração no centro-sul do Estado. A região norte, por sua vez, deve continuar sofrendo com escassez hídrica.
A seca prolongada e o calor extremo elevam diretamente o risco de incêndios florestais e urbanos. Dados históricos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que os meses de agosto e setembro concentram tradicionalmente o maior número de focos de calor em MS.
Em setembro de 2023, por exemplo, o Estado registrou mais de 2.500 focos de queimadas, e a tendência para 2025 segue semelhante, segundo projeções do Programa Queimadas do Inpe.
Além disso, a combinação entre baixa umidade e calor afeta diretamente a saúde da população, especialmente crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias.
Em ambientes com umidade abaixo de 20%, o risco de desidratação, irritações nas vias aéreas, sangramento nasal e agravamento de doenças pulmonares aumenta consideravelmente, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).
Frente fria traz trégua temporária
Apesar do cenário crítico, há previsão de chuvas localizadas entre esta segunda (15) e terça-feira (16), especialmente nas regiões centro-sul e oeste de MS.
O Cemtec aponta que uma área de baixa pressão atmosférica, associada à formação de um cavado (região alongada de baixa pressão), deve aumentar a nebulosidade e favorecer precipitações, que podem vir acompanhadas de tempestades com raios e rajadas de vento.
Contudo, a possibilidade de chuva é pontual e não altera o quadro de estiagem em médio prazo. Nas demais regiões do Estado, especialmente no Norte, as pancadas devem ser irregulares e de baixo volume, insuficientes para reverter o estresse hídrico no solo e no ecossistema.