O Estado do Mato Grosso do Sul terá 20 municípios sendo atendidos com 24 projetos contemplados no Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do Governo Federal, nesta terceira gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O montante foi oficializado nesta quarta-feira (15), com publicação no DOU (Diário Oficial da União) de resolução do comitê gestor do Programa. A maior parte dos investimentos será a evidenciar o foco do PAC em infraestrutura básica e social.
Confira abaixo, a lista de projetos aprovados de MS no Novo PAC, que tem entre os maiores projetos selecionados, obras de contenções em encostas de áreas de risco em Corumbá, macrodrenagem em Três Lagoas, e, construção de creches e expansão da radioterapia do SUS em Campo Grande. Também foram incluídas propostas para sistemas de água e esgoto voltadas a comunidades indígenas no Estado. Segundo o governo federal, esses projetos passaram por ajustes técnicos, mas foram mantidos
Contudo, a Capital ficou sem obras consideradas mais importantes. Mas, a lista ainda contempla a renovação da frota do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) em Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas, além da construção de creches também em Ribas e Nioaque. A maior parte dos investimentos, no entanto, será direcionada à aquisição de ônibus escolares para 19 municípios, evidenciando o foco do PAC em infraestrutura básica e social.
Três ações propostas por Campo Grande, Coxim e Anastácio foram excluídas. Na Capital, uma etapa das obras na Avenida Presidente Ernesto Geisel ficou de fora. Apesar disso, a prefeitura já tinha obtido um financiamento de R$ 150 milhões para concluir os trabalhos. Foram excluídas ainda propostas para aquisição de ambulâncias do Samu em Coxim e Anastácio.
Programa robusto, mas nem sempre equitativo
O Novo PAC foi lançado com a promessa de ser o motor da nova fase de reindustrialização do Brasil. Com previsão de R$ 1,7 trilhão em investimentos, a iniciativa se ancora em parcerias com governos estaduais, prefeituras, empresas estatais, setor privado e movimentos sociais. O plano contempla desde obras de infraestrutura pesada até ações de inclusão digital, saneamento, mobilidade urbana e saúde.
Os recursos vêm de múltiplas fontes: R$ 371 bilhões do Orçamento-Geral da União, R$ 343 bilhões das estatais, R$ 362 bilhões via financiamentos e R$ 612 bilhões do setor privado. O governo estima a geração de 4 milhões de empregos diretos e indiretos com as obras.
“O Novo PAC traz oportunidades para o social, com a criação de mais empregos e elevação da renda da população que hoje está no Cadastro Único e no Bolsa Família”, afirmou o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias.
Entre os destaques está o programa Água para Todos, com R$ 30 bilhões destinados a comunidades em situação de vulnerabilidade, especialmente nas regiões mais remotas do país.
Estados definiram, mas há dúvidas como para Campo Grande
Como já citado acima, obras em andamento ou já financiadas não foram priorizadas — como no caso da Avenida Ernesto Geisel, excluída por já contar com aporte próprio. Assim, o volume de investimentos impressiona, mas lógica de distribuição ainda levanta dúvidas
Contudo, a decisão revela a diretriz pragmática do programa: recursos concentrados onde há capacidade técnica e política de execução rápida, o que pode acabar penalizando cidades de menor porte ou com menor estrutura institucional.
Segundo o ministro da Casa Civil, Rui Costa, as obras foram definidas com base em propostas dos Estados, demandas dos ministérios e levantamento de obras paralisadas. “É com esse olhar que o presidente Lula lança o novo plano de desenvolvimento do nosso país”, disse Costa ao apresentar o plano.
Mato Grosso do Sul no mapa do desenvolvimento — mas nas margens do protagonismo
Embora o Estado tenha sido contemplado com 24 ações no Novo PAC, o perfil das obras revela uma inserção periférica no projeto de desenvolvimento nacional. A predominância de investimentos em transporte escolar e infraestrutura básica — embora essenciais — sinaliza que Mato Grosso do Sul ainda não figura entre os polos estratégicos da reindustrialização ou da inovação tecnológica previstas no plano.
Faltam projetos estruturantes que coloquem o Estado como eixo logístico, hub energético ou referência em pesquisa aplicada — áreas que concentram os maiores volumes de investimento do PAC. Por outro lado, a inclusão de ações em saúde e educação infantil indica um reconhecimento das carências sociais persistentes na região, especialmente nas áreas mais vulneráveis.
Eixos de atuação: das creches ao pré-sal
O Novo PAC está organizado em nove eixos de investimento, cada um com metas específicas. Na educação, o foco é a construção de creches, escolas de tempo integral, e a expansão da rede federal, com orçamento de R$ 45 bilhões. O eixo da saúde receberá R$ 31 bilhões, incluindo a ampliação da rede básica, compra de ambulâncias e construção de maternidades.
Há ainda um eixo voltado à inclusão digital, com investimentos de R$ 28 bilhões para levar internet de alta velocidade a escolas e postos de saúde, além de expandir o 5G e implantar 4G em rodovias e áreas remotas. O PAC também destina R$ 610 bilhões a cidades sustentáveis e infraestrutura urbana, como contenção de encostas, drenagem, saneamento básico e moradias do Minha Casa, Minha Vida.
O eixo de Transporte Eficiente e Sustentável mobiliza R$ 349 bilhões para recuperar e ampliar a malha logística do país — rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. Já a transição e segurança energética, com R$ 540 bilhões, busca consolidar uma matriz energética diversificada, com foco em fontes renováveis e expansão do pré-sal.
O programa ainda prevê R$ 53 bilhões para o eixo da defesa, com foco na modernização tecnológica e aumento da capacidade de resposta das Forças Armadas.
O Novo PAC é ambicioso, volumoso e diverso. Mas como em versões anteriores, o impacto real dependerá menos da soma bilionária de recursos e mais da capacidade de execução local, da articulação federativa e da vigilância pública sobre os critérios de seleção e andamento das obras.
Para estados como Mato Grosso do Sul, o desafio é sair da borda do mapa e ocupar um lugar mais central nas decisões sobre o futuro do país.
Confira a lista de projetos aprovados de Mato Grosso do Sul no Novo PAC
Empreendimento | Localização |
Contenções de encostas em áreas de risco | Corumbá/MS |
Macrodrenagem – Canalização do Córrego Brasília | Três Lagoas/MS |
Equipamentos para Expansão da Radioterapia no SUS | Campo Grande/MS |
Renovação de Frota – Ambulância SAMU | Ribas do Rio Pardo/MS |
Renovação de Frota – Ambulância SAMU | Três Lagoas/MS |
Creche/Escola de Educação Infantil | Campo Grande/MS |
Creche/Escola de Educação Infantil | Ribas do Rio Pardo/MS |
Creche/Escola de Educação Infantil | Nioaque/MS |
Ônibus escolar | Amambai/MS |
Ônibus escolar | Anastácio/MS |
Ônibus escolar | Antônio João/MS |
Ônibus escolar | Coronel Sapucaia/MS |
Ônibus escolar | Deodápolis/MS |
Ônibus escolar | Fátima do Sul/MS |
Ônibus escolar | Jardim/MS |
Ônibus escolar | Ladário/MS |
Ônibus escolar | Miranda/MS |
Ônibus escolar | Mundo Novo/MS |
Ônibus escolar | Paranhos/MS |
Ônibus escolar | Rio Negro/MS |
Ônibus escolar | Sidrolândia/MS |
Ônibus escolar | Sonora/MS |
Ônibus escolar | Tacuru/MS |