Chamamé MS

Por falta de verba, Festival Cultural do Chamamé é deixado de lado em Campo Grande

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Enquanto cachês de cantores nacionais ultrapassam a casa do milhão, a Capital Nacional do Chamamé sofre com falta de apoio

 

A Capital Nacional do Chamamé, como foi reconhecida Campo Grande em 2022 pelo Congresso Nacional, não terá a 8° edição do Festival Cultural do Chamamé, por falta de apoio dos governos estadual e municipal. O evento é uma integração cultural envolvendo o Brasil, Paraguai e Argentina, tradicionalmente realizado na Praça do Rádio durante o mês de setembro, quando se comemora o Dia Estadual do Chamamé em Mato Grosso do Sul.

Orivaldo Mengual, presidente do Instituto Cultural Chamamé MS, em resposta à reportagem do Correio do Estado relata sua frustração com a falta de apoio do Governo do Estado e da Prefeitura Municipal de Campo Grande com o chamamé e a cultura paraguaia.

“Minha percepção é de que o chamamé ainda não desfruta da atenção institucional que merece, pela importância como expressão musical genuína do povo do estado, assim identificada e reconhecida. Temos no mundo todo, uma pressão muito forte pelo desaparecimento de manifestações musicais folclóricas e aqui no estado não é diferente, pois esse bem Cultural merecedor de fomento e proteção em todos os municípios sempre é relegado, discriminado e esquecido”.

O presidente do instituto aborda também sua indignação com a forma como os recursos públicos são investidos em outros gêneros musicais, deixando o chamamé de lado. Ele lembra que altos investimentos são feitos em shows nacionais ao longo de todo ano, como o da cantora Luíza Sonza com cachê de R$ 450 mil, enquanto o festival realizado em Campo Grande recebeu R$ 400 mil em 2024, segundo registro do Diário Oficial do Estado.

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“Notamos que são carreados recursos públicos para música eletrônica, funk e outros segmentos musicais que recebem forte apoio financeiro do estado e da indústria da música, valorizando artistas de fora com cachês altíssimos, enquanto que os daqui recebe migalhas. Entendo que os recursos públicos da cultura devam ser dirigidos para as manifestações culturais realmente vinculadas a nossa terra”.

Os maiores cachês da cultura de MS
João Bosco e Vinícis – 14 apresentações – R$ 2.620.000
Jads e Jadson – 11 – R$ 1.540.000
Henrique e Diego – 7 – R$ 1.001.000
Munhoz e Mariano – 8 – R$ 960.00
Maria Cecília e Rodolfo – R$ 940.000
João Gustavo e Murilo – 9 – R$ 900.000
Loubet – 8 – R$ 810.000
Alex e Yvan – 10 – R$ 525.000

Mesmo com altos gastos em atrações nacionais, o Governo do Estado instaurou um decreto, no dia 4 de agosto, publicado no Diário Oficial n. 11.907, o qual afetou o setor da cultura. O documento impõe a adoção de medidas administrativas temporárias de racionalização e controle de gastos, visando à redução de 25% dos valores contratados a título de despesas de custeio.

Perda de espaço
Nos últimos dois anos, o gênero musical típico do Paraguai sofreu duro golpe com a retirada do programa A Hora do Chamamé, da grade de programação da Rádio Educativa – FM 104.7.

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Além disso, houve corte de recursos para a realização dos Encontros de Chamamezeiros que até então eram realizados a cada dois meses valorizando e fomentando a cultura local e a tradição no estado, especialmente em Campo Grande.

“O Chamamé nos dois governos anteriores, independente de partido, ele sempre teve o seu espaço na FM educativa, que é uma rádio pública, mantida com dinheiro público, e que ele tem por obrigação também a apoiar as nossas raízes, a nossa cultura local, as nossas tradições do Estado. Infelizmente, nesse governo atual, a gente não tem conseguido, eles tiraram o programa do ar, sem dar uma justificativa, e até hoje a gente não conseguiu retornar no horário que é tradicional”, conclui Orivaldo.

Capital Nacional do Chamamé
Campo Grande foi oficialmente reconhecida como “Capital Nacional do Chamamé” pelo Congresso Nacional, com a aprovação da Lei Federal nº 14.315, em 28 de março de 2022.

Outra conquista foi em junho de 2021, quando o ex-governador Reinaldo Azambuja decretou o “Chamamé” como bem de natureza imaterial de Mato Grosso do Sul.

A aprovação da lei nº 3.837, de 23 de dezembro de 2009, instituiu o dia 19 de setembro como o “Dia Estadual do Chamamé”. Outra legislação, a de nº 6.048, de 23 de julho de 2018, declarou Corrientes (Argentina) e Campo Grande como cidades irmãs.

Correio do Estado

 

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