Solto pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) na última sexta-feira (26), o empreiteiro Cleiton Nonato Correia, da GC Obras de Pavimentação Asfáltica (CNPJ 16.907.526/0001-90), chamou atenção dos investigadores depois de sacar R$ 680 mil em um mês.
Conforme relatório de inteligência financeira do Coaf, Correia realizou saques de quantias vultosas em 2024: R$ 100 mil, R$ 200 mil, R$ 250 mil e R$ 130 mil (em dezembro). O total foi de R$ 680 mil.
Assim, para basear a prisão do trio, o Gaeco pontuou que: “Essas operações, somadas à
manutenção de contratos milionários com a Administração Pública mesmo após o oferecimento da denúncia criminal, revelam que o grupo continua atuante e que o perigo à ordem pública persiste”.
Flagrado negociando R$ 510 mil em propina
Durante monitoramento do grupo, já após a 3ª fase da Tromper, os investigadores interceptaram conversas entre Cleiton e outro empresário, Edmilson Rosa, da AR Pavimentação.
No diálogo registrado em 7 de fevereiro de 2024 — durante administração da prefeita Vanda Camilo (PP), que não conseguiu a reeleição —, os dois combinam que o valor da propina para o referido contrato seria de “3% sobre os R$ 17 milhões”, o que perfaz o total de R$ 510 mil.
Assim, os investigadores concluem que os acusados persistiam na prática dos crimes pelos quais já estavam sendo investigados. “A esse respeito, é importante recordar que Cleiton Nonato e Edmilson Rosa já haviam sido denunciados na 3ª Fase da Operação Tromper, justamente pela prática de fraude à competitividade das licitações por meio da simulação de disputas entre suas respectivas empresas, combinando previamente os vencedores dos certames e efetuando pagamentos de propina a Cláudio Serra Filho. As investigações anteriores, portanto, já indicavam que ambos atuavam como sócios de fato, embora mantivessem formalmente empresas distintas, compondo o chamado ‘2º núcleo da organização criminosa.”
No entanto, ao Jornal Midiamax, o prefeito, Rodrigo Basso (PL) explicou que não há mais repasses financeiros. “Estamos aguardando a correção de alguns pontos na obra. Só por isso o contrato ainda está vigente”, explicou.
Caderno apreendido pelo Gaeco na GC Obras
Tratado como pupilo no PSDB, à época, Claudinho Serra, apontado pelo Gaeco como líder do esquema criminoso, também foi chefe de gabinete de Sérgio de Paula na Casa Civil do Governo de MS.

No entanto, Sérgio de Paula não consta como investigado na Tromper.
O nome ‘Claudinho’ também está na página de um dos cadernos, mas não fica claro se diz respeito ao vereador. Na frente do nome, aparece o valor ‘500.000,00′.
Já o nome de Sérgio aparece em uma página que trata de documentos para obras em Aquidauana e Sidrolândia, além de valores. O Jornal Midiamax fez contato com o secretário para saber que tipo de vínculos ele teria com os investigados e por que acha que seu nome está no material apreendido.
Em resposta, na época, a defesa de Sérgio de Paula encaminhou uma nota em que nega os fatos mencionados, mas se coloca à disposição das autoridades para esclarecimentos.
O nome de Sérgio de Paula é um dos mais cotados para a próxima vaga de indicação política para conselheiro do TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado), sempre que o tema é levantado.
A próxima vaga, inclusive, será liberada ainda este ano, já que o conselheiro Jerson Domingos se aposenta em novembro, quando completa 75 anos.
Operação Tromper

Com as primeiras fases, a investigação identificou a organização criminosa voltada para fraudes em licitações e contratos administrativos com a Prefeitura de Sidrolândia.
O MPMS aponta, na denúncia, que o grupo criminoso agia para fraudar e direcionar licitações em Sidrolândia, favorecendo-se.
Com isso, desviava valores desses contratos para os investigados. Claudinho, então secretário de Fazenda do município, seria mentor e teria cooptado outros servidores. Assim, o ex-vereador e outros dois alvos de mandados de prisão foram presos.
A 4ª fase da operação mirou mais de 20 pessoas ligadas à administração pública. A ação da 3ª Promotoria de Justiça de Sidrolândia, do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) cumpriu três mandados de prisão e 29 de busca e apreensão.
Aliás, a nova investida das autoridades contra o esquema de corrupção chefiado por Serra atingiu diretamente o núcleo familiar do político. O pai, Cláudio Jordão de Almeida Serra, e a esposa de Claudinho, Mariana Camilo de Almeida Serra — filha da ex-prefeita de Sidrolândia Vanda Camilo —, foram indiciados.
Veja abaixo todos os réus na 4ª fase da Tromper:
- Claudio Jordão de Almeida Serra Filho (preso) – apontado como o chefe do esquema;
- Claudio Jordão de Almeida Serra – pai de Claudinho;
- Mariana Camilo de Almeida Serra – esposa de Claudinho;
- Carmo Name Júnior (preso) – assessor de Claudinho;
- Jhorrara Souza dos Santos Name – esposa de Carmo Name;
- Cleiton Nonato Correia (preso) – empreiteiro, dono da GC Obras;
- Thiago Rodrigues Alves – intermediário de propinas entre as empreiteiras GC/AR e grupo de Claudinho;
- Jéssica Barbosa Lemes – esposa de Thiago;
- Valdemir Santos Monção (Nanau) – ex-assessor parlamentar;
- Sandra Rui Jacques – empresária e esposa de Nanau;
- Edmilson Rosa – empresário;
- Ueverton da Sila Macedo (Frescura) – empresário;
- Juliana Paula da Silva – esposa de Ueverton;
- Rafael de Paula da Silva – cunhado de Ueverton.