Às vésperas de novo reajuste, Campo Grande registra a 14ª tarifa de ônibus mais cara entre as capitais

Os empresários do ônibus alegam em diversos processos na Justiça que o péssimo serviço de transporte coletivo prestado em Campo Grande se dá por ‘dificuldades financeiras’.

Apesar disso, laudo judicial mais recente mostra um cenário diferente. O Consórcio Guaicurus apresentou lucro de R$ 68 milhões somente nos primeiros anos do contrato. Por outro lado, a idade média dos ônibus que circulam em Campo Grande aumentou. Ou seja, a cada ano, enquanto lucra milhões, os empresários do ônibus deixam veículos cada vez mais antigos circulando na cidade.

No ranking nacional, a capital de Mato Grosso do Sul fica atrás de cidades maiores – como São Paulo, Brasília e Florianópolis – mas também à frente de capitais com maiores populações, a exemplo de Rio Janeiro, cuja tarifa é de R$ 4,70, e de Manaus, onde os manauaras pagam R$ 4,50 na passagem do ônibus. Em outras capitais com tarifas mais baratas, como Goiânia (R$ 4,30) e Palmas (R$ 3,85), o valor não é reajustado há cinco anos, desde 2019.

Em coletiva de imprensa durante a cerimônia de posse, na última quarta-feira (2), a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), comentou que o reajuste deve ser anunciado nas próximas semanas.

“Vai ser avaliado com a nossa equipe técnica nos próximos dias e, assim que a gente tiver essa resposta, a gente já traz para a imprensa e para a população de Campo Grande”, prometeu a prefeita.

Confira o ranking do Uol sobre as passagens de ônibus mais caras do país:

1. Florianópolis: R$ 6,90
2. Porto Velho: R$ 6
3. Curitiba: R$ 6
4. Belo Horizonte: R$ 5,75
5. Brasília: R$ 5,50
6. Boa Vista: R$ 5,50
7. Salvador: R$ 5,20
8. São Paulo: R$ 5
9. Aracaju: R$ 5
10. Cuiabá: R$ 4,95
11. João Pessoa: R$ 4,90
12. Natal: R$ 4,90
13. Porto Alegre: R$ 4,80
14. Campo Grande: R$ 4,75
15. Vitória: R$ 4,70
16. Rio de Janeiro: R$ 4,70
17. Manaus: R$ 4,50
18. Fortaleza: R$ 4,50
19. Goiânia: R$ 4,30
20. São Luís: R$ 4,20
21. Recife: R$ 4,10
22. Belém: R$ 4
23. Teresina: R$ 4
24. Maceió: R$ 4
25. Palmas: R$ 3,85
26. Macapá: R$ 3,70
27. Rio Branco: R$ 3,50

Vantagens em 2024

Apesar de oferecer serviço precário aos passageiros, com ônibus velhos e atrasos em linhas, o Consórcio Guaicurus obtém vantagens milionárias.

Somente do Município de Campo Grande, o Consórcio Guaicurus poderia receber até R$ 19.536.000 em 2024 com os subsídios.

Além desse valor, estava previsto que as empresas que operam o serviço de transporte público na Capital receberiam R$ 13.470.573,90, também em subsídios já dados pelo Governo do Estado para custear o passe de estudante. Assim, somando os valores repassados pelo Estado, a cifra pode chegar a R$ 31,5 milhões neste ano.

Isenção de impostos e repasses para 2025

Apesar de operar com parte da frota sucateada e descumprir o contrato, o Consórcio Guaicurus já acumula isenção milionária para 2025. A última renovação ocorreu em junho de 2023, quando 71 novos veículos foram entregues. Contudo, o número era insuficiente para retirar de circulação todos os ônibus acima da validade.

Na última sessão do legislativo municipal de 2024, em 19 de dezembro, a Câmara de Vereadores da Capital renovou a isenção do ISS (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza) ao Consórcio Guaicurus até o fim de 2025.

Além disso, no início de dezembro, a Casa de Leis aprovou em regime de urgência o repasse de R$ 3,3 milhões à empresa concessionária. O valor será usado para a gratuidade do transporte público de alunos da Reme (Rede Municipal de Ensino), aos candidatos inscritos no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e nos demais vestibulares de universidades públicas com provas realizadas em Campo Grande, exclusivamente na data de aplicação dos exames.

O Midiamax procurou o Consórcio Guaicurus para perguntar se há previsão de reunião com a Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Campo Grande) para discutir o reajuste da tarifa técnica e tarifa pública. O espaço segue aberto para manifestações.