O divórcio

Do casamento ao divórcio: como se deu o fim da relação de Trump e Musk

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Agora ex-aliados, Trump e Musk encerram relação marcada por apoio político, divergências econômicas e embates nas redes sociais

A relação entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o empresário bilionário Elon Musk, que já foi marcada por proximidade, elogios mútuos e apoio político, chegou ao fim de forma ruidosa nessa quinta-feira (5/6), com troca de acusações pelas redes sociais.

No início do governo, os dois formavam uma dupla inseparável. Musk participava de comícios e elogiava Trump nas redes sociais, descrevendo-o como um “cara bom” e “forte”.

Trump, por sua vez, retribuía o carinho chamando Musk de “super gênio” e “um cara incrível”. Durante a posse, o bilionário chegou a subir ao palco para comemorar a vitória com o republicano.

A nomeação de Musk para chefiar o DOGE foi vista como um movimento ousado. Com “carta branca” para cortar gastos e promover reformas administrativas, ele prometeu economias trilionárias. A relação entre os dois, àquela altura, parecia sólida.

Lua de mel política

Ao longo dos primeiros meses do novo mandato de Trump, a convivência entre ele e Musk seguia sob clima de entusiasmo.

O bilionário anunciava planos ambiciosos para enxugar a máquina pública. No início de fevereiro, em um gesto simbólico, Trump apareceu vestindo um boné do DOGE e uma camiseta com os dizeres “The Dogefather”, referência ao clássico filme “O Poderoso Chefão”.

O republicano exaltava Musk publicamente, dizendo que ele “trabalhava incansavelmente” por um governo mais eficiente. Já Musk, declarava no X (antigo Twitter) que amava Trump “tanto quanto um homem heterossexual pode amar outro homem”.

Apesar das declarações de apoio, as primeiras frustrações começaram a surgir nos bastidores.

O início do fim

O primeiro sinal público de desgaste veio em abril. O site Politico publicou que Musk deixaria o governo em breve, e embora Trump tenha negado, o desconforto era evidente. O entorno do presidente passou a enxergar o bilionário como uma figura imprevisível e, por vezes, um estorvo político.

Além disso, as economias prometidas por Musk, que afirmava chegar a US$ 2 trilhões, se concretizaram de forma muito mais modesta: cerca de US$ 175 bilhões, segundo estimativas. No entanto, os dados publicados no próprio site do setor, única fonte pública dessas informações, somam menos da metade desse valor.

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Relatórios do Tesouro dos EUA analisados pela Reuters indicam que as agências-alvo do DOGE reduziram apenas US$ 19 bilhões em comparação ao mesmo período do ano anterior, muito aquém da meta de Musk e equivalente a apenas 0,5% do total dos gastos federais.

A tensão aumentou quando Musk passou a criticar publicamente o projeto de tarifas de importação encabeçado por Trump. O bilionário também não poupou palavras contra Peter Navarro, assessor de Trump e um dos idealizadores da política tarifária, a quem chamou de “imbecil”.

O irmão de Elon, Kimbal Musk, reforçou as críticas pelas redes sociais, dizendo que Trump estava se tornando o presidente com os impostos mais altos da história recente. Apesar disso, Trump ainda tentava manter as aparências. Chegou a dizer que Musk “poderia ficar no governo pelo tempo que quisesse”, mesmo sabendo que a permanência estava chegando ao fim.

Separação amigável… à primeira vista

No dia 28 de maio, Musk deixou oficialmente o comando do DOGE, dois dias antes do prazo legal de 130 dias para cargos especiais.

No X, limitou-se a agradecer pela oportunidade. Não houve uma conversa formal de despedida com Trump, segundo a agência Reuters.

Ainda assim, na saída, os dois adotaram tom cordial. Trump afirmou que Musk “não iria embora de verdade” e que continuaria ajudando o governo. Musk, por sua vez, disse que se dedicaria mais às suas empresas e reduziria seu envolvimento político.

Durante uma entrevista na Casa Branca, Trump ainda o elogiou, dizendo que o bilionário tinha feito “o programa de reforma governamental mais abrangente em gerações”. Parecia o fim de um ciclo, mas sem mágoas aparentes.

O divórcio

O que começou com elogios mútuos e promessas de parceria terminou com ataques públicos e ameaças bilaterais. O rompimento entre Donald Trump e Elon Musk se consolidou na quinta-feira (5/6), quando os dois protagonizaram uma troca de farpas em suas respectivas redes sociais — Trump, na Truth Social, e Musk, no X.

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A tensão já vinha se acumulando nos bastidores, principalmente após Musk criticar abertamente um ambicioso projeto de lei orçamentária proposto pelo governo. O plano, que incluía aumento de gastos federais e concessões fiscais a setores estratégicos, era visto por Musk como contraditório aos esforços de corte de despesas que ele havia comandado à frente do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE).

Ele classificou o texto como “caro demais” e disse que a proposta poderia anular as economias conquistadas.

Durante um evento oficial na Casa Branca, Trump respondeu com desdém, dizendo estar “decepcionado” com Musk e sugerindo que a relação entre os dois “talvez não fosse mais a mesma”. Trump também declarou que o bilionário havia sido informado previamente sobre o conteúdo do projeto, insinuando que sua crítica pública seria uma espécie de traição.

Musk rapidamente rebateu, dizendo que não foi consultado sobre o texto e acusando Trump de ser ingrato: “Sem mim, teria perdido a eleição”, escreveu, lembrando dos quase US$ 300 milhões que investiu nas campanhas do Partido Republicano, além de sua atuação como mobilizador nas redes sociais.

Trump elevou o tom. O presidente publicou na Truth Social que o governo poderia cortar subsídios e contratos públicos com as empresas de Musk, incluindo a Tesla e a SpaceX — que mantêm, há anos, contratos bilionários com o Departamento de Defesa e com a NASA, especialmente para lançamentos de satélites e transporte de carga à Estação Espacial Internacional.

Em resposta, Elon Musk fez referência ao escândalo sexual envolvendo Jeffrey Epstein para atingir o presidente e chegou a afirmar que apoiaria um impeachment.

Demonstrando seu descontentamento, Donald Trump cogita se desfazer do Tesla vermelho que comprou em apoio a Elon Musk. O carro elétrico foi visto estacionado nos jardins da Casa Branca nessa sexta-feira (6/6), segundo constatou um jornalista da AFP. Ao ser questionado sobre a possível venda ou doação do veículo, um funcionário da Casa Branca afirmou: “Ele está pensando nisso, sim”.

Metrópoles

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