Candidato à reeleição, o senador dificilmente poderá contar de subir no palanque de candidatos do PL e União Progressista
Apesar de estar presente no ato de filiação do ex-governador Reinaldo Azambuja ao PL, realizada no dia 21, em Campo Grande (MS), o senador Nelsinho Trad (PSD) deve ter se sentido como um estranho no ninho, afinal, a multidão reunida era da direita e da extrema direita, em sua maioria.
Mesmo com o senador tendo adotado um viés mais à direita e, na gestão de Jair Bolsonaro (PL) à frente da presidência da República, ter se aproximado da ala bolsonarista do Congresso Nacional, o parlamentar ainda enfrenta uma certa rejeição por parte desse eleitorado.
A situação se agravou ainda mais depois que o irmão dele, o ex-deputado federal Fábio Trad, se filiou ao PT e está cotado para ser o candidato a governador de Mato Grosso do Sul em 2026 pela esquerda.
Além disso, o outro irmão dele, o vereador Marquinhos Trad, está no PDT, outro partido da esquerda, desde o ano passado, fazendo com que os aliados de primeira hora do senador, que são políticos do PL e da Federação União Progressista, formada pelo PP e União Brasil, tenham de se afastar do parlamentar para não perderem votos com a direita.
O Correio do Estado apurou, com fontes da direita e do centro-direita, que, a medida em que as eleições de 2026 se aproximam, ficará mais difícil ter Nelsinho Trad no mesmo palanque, pois, com a polarização de esquerda e direita, não será possível ficar em cima do muro.
Outro agravante apontado por essas mesmas fontes é que a possibilidade de o senador do PSD fazer dobradinha com Azambuja na disputa pelas duas vagas ao Senado Federal estaria praticamente descartada, pois, como o ex-governador já vem de um partido de centro – o PSDB – e tenta se aproximar da direita, seria complicado se aliar a um candidato que não seja de uma sigla de centro-direita ou direita.
A tendência, conforme informaram ao Correio do Estado, é de que Nelsinho tenha de lançar a própria candidatura fora da ampla aliança formada por partidos de centro-direita e da direita para reeleger o governador Eduardo Riedel (PP), que inclui PP, União Brasil, PL, Republicanos e Podemos.
Tal possibilidade pode complicar o projeto de reeleição do senador do PSD, já que perderá a base política dos atuais aliados, que concentra a maioria absoluta dos 79 prefeitos de Mato Grosso do Sul, bem como dos vereadores, deputados estaduais, deputados federais e das duas senadoras do Estado.
CENÁRIO COMPLICADO
Caso esse cenário se concretize, ou seja, que Azambuja não faça uma dobradinha com Nelsinho para disputar as duas vagas ao Senado por Mato Grosso do Sul, a reeleição do senador do PSD pode ficar muito complicada.
Afinal, com Eduardo Riedel no PP, os progressistas também devem lançar um candidato próprio ao Senado, e hoje o mais provável é que seja o presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALMS), deputado estadual Gerson Claro.
Além disso, não está descartada uma candidatura própria ao Senado pelo PL e o nome, neste momento, seria da vice-prefeita de Dourados, Gianni Nogueira, e, caso o ex-deputado estadual Capitão Contar se filie à legenda, também há a possibilidade de o nome dele ser o escolhido.
Dessa forma, a caminhada para a reeleição de Nelsinho Trad teria muitas pedras no caminho, algo que, com a dobradinha com Azambuja, não aconteceria, afinal, o ex-governador conta com o apoio de 44 prefeitos e de 256 vereadores, sem contar os seis deputados estaduais e os três deputados federais. Algo que ficou claro no ato de filiação de Azambuja ao PL.
*SAIBA
Em MS, PSD pretende caminhar com Riedel
No início deste mês, a cúpula do PSD em Mato Grosso do Sul decidiu que fará parte da coalizão de partidos que apoiará a reeleição do governador Eduardo Riedel (PP) nas eleições de 2026. Também ficou acertado que caberá ao vice-governador José Carlos Barbosa, mais conhecido como Barbosinha, articular com Riedel o papel e o tamanho que a legenda terá na aliança.
Na ocasião, o senador Nelsinho Trad, presidente estadual do PSD, afirmou que todas as lideranças do partido estão alinhadas com a reeleição do governador e farão articulações no sentido de mostrar que o partido poderá ser uma solução para os arranjos partidários.
Para ele, será preciso mais legendas para acomodar as filiações de aliados além do PP, de Riedel, e do PL, do ex-governador Reinaldo Azambuja. Na época, o senador reforçou que, o fato de o PSD ser de centro, ajudaria. Algo que hoje já é considerado o maior problema para a aliança.
Correio do Estado