CO₂ bate recorde histórico e pressiona líderes às vésperas da COP 30 no Brasil

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A concentração de dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera atingiu, em 2024, o maior nível já registrado desde o início das medições modernas em 1957. O dado, revelado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência vinculada à ONU, lança um alerta severo a poucas semanas da Conferência do Clima (COP 30), que será realizada em Belém (PA), em novembro.

Segundo o relatório, o novo patamar compromete o planeta a um aumento de temperatura de longo prazo e agrava o risco de eventos climáticos extremos. Assim, os dados da OMM, evidenciam a crise climática já não é um problema do futuro: é um desafio presente, crescente e diretamente ligado à inércia política, econômica e social. Com o mundo indo a ultrapassar o limite de 1,5 °C de aquecimento estabelecido pelo Acordo de Paris, cada fração de grau adicional representa vidas, ecossistemas e economias em risco.

O relatório, publicado nesta semana, aponta que a concentração média global de CO₂ aumentou 3,5 partes por milhão (ppm) de 2023 para 2024, o maior salto anual já registrado. O ritmo atual triplica o observado na década de 1960, quando o crescimento médio era de 0,8 ppm ao ano — entre 2011 e 2020, essa taxa já havia subido para 2,4 ppm/ano.

Além do CO₂, a OMM também identificou níveis recordes de metano (CH₄) e óxido nitroso (N₂O), dois outros gases de efeito estufa com forte impacto no aquecimento global. O metano chegou a 1.942 partes por bilhão (ppb) — um aumento de 166% em relação aos níveis pré-industriais — e o óxido nitroso atingiu 338 ppb, 25% acima dos valores registrados antes de 1750.

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Um ciclo climático vicioso

A OMM atribui o avanço das emissões principalmente à ação humana: queima de combustíveis fósseis, desmatamento e uso intensivo da terra. Mas chama atenção também para um agravante — os chamados sumidouros naturais de carbono, como oceanos e florestas, estão perdendo eficiência na absorção de CO₂. Com o aumento da temperatura global, os oceanos absorvem menos carbono devido à menor solubilidade do gás, e os ecossistemas terrestres sofrem com secas prolongadas, incêndios e degradação ambiental.

“Durante os anos de El Niño, os níveis de CO₂ tendem a aumentar porque a eficiência dos sumidouros de carbono terrestres é reduzida pela vegetação mais seca e pelos incêndios florestais”, explicou a cientista Oksana Tarasova, coordenadora do Boletim de Gases de Efeito Estufa da OMM. “Esse foi o caso da seca excepcional e dos incêndios na Amazônia e no sul da África em 2024”, destacou.

O ano de 2024 já é oficialmente o mais quente da história, impulsionado pelo El Niño e pela intensificação das mudanças climáticas. A tendência, alertam os especialistas, é de agravamento.

“O calor retido pelo CO₂ e outros gases de efeito estufa está turbinando nosso clima e levando a eventos mais extremos”, afirmou Ko Barrett, secretário-geral adjunto da OMM.

Pressão sobre os governos

Os dados da OMM colocam mais pressão sobre os líderes globais que participarão da COP 30, em novembro. Para os cientistas, as decisões que forem tomadas em Belém serão cruciais para conter o ritmo do aquecimento e evitar cenários mais catastróficos.

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“Reduzir as emissões é essencial não apenas para o nosso clima, mas também para a nossa segurança econômica e o bem-estar da comunidade”, reforçou Barrett. A cientista Oksana Tarasova complementa: “Há uma preocupação de que os sumidouros de CO₂ estejam se tornando menos eficazes, o que aumentará a quantidade de CO₂ que permanece na atmosfera, acelerando o aquecimento global”.

Desde o início da Revolução Industrial, a concentração de CO₂ na atmosfera aumentou mais de 50%. Cerca de metade das emissões geradas a cada ano permanece na atmosfera, enquanto o restante é absorvido por florestas e oceanos — uma capacidade agora em declínio.

A ciência como bússola

O relatório da OMM — em sua 21ª edição — é uma das principais referências científicas internacionais sobre os gases de efeito estufa e servirá como base técnica para as negociações da COP 30. A agência defende o fortalecimento urgente dos sistemas de monitoramento e alerta para gases de efeito estufa como ferramenta fundamental de enfrentamento.

“Manter e expandir o monitoramento de gases é fundamental para apoiar esses esforços”, reiterou Tarasova.

Os dados divulgados pela ONU evidenciam que a crise climática já não é um problema do futuro: é um desafio presente, crescente e diretamente ligado à inércia política, econômica e social. Com o mundo a caminho de ultrapassar o limite de 1,5 °C de aquecimento estabelecido pelo Acordo de Paris, cada fração de grau adicional representa vidas, ecossistemas e economias em risco.

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