Distrito Federal

Crise na Saúde Infantil expõe falha grave de gestão do Governo do DF e ameaça colapso nas UTIs pediátricas

Foto: Vinícius de Melo/Agência Brasília

publicidade

Atrasos milionários e falta de prioridade do GDF colocam em risco mais da metade das UTIs pediátricas da rede pública do DF

 

A iminente redução ou até fechamento de leitos de UTI pediátrica no Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) escancara uma falha estrutural de gestão do Governo do Distrito Federal (GDF) e coloca em risco direto a vida de crianças e adolescentes. Responsável por quase 52% de todos os leitos de UTI pediátrica da rede pública, o hospital vive uma crise financeira provocada por atrasos sistemáticos e repasses insuficientes do próprio governo que deveria garantir o funcionamento pleno da unidade.

Apesar de o HCB ser peça central da política de saúde infantil do DF, o governo acumulou uma inadimplência de R$ 118,1 milhões, valor que compromete desde a compra de medicamentos até o pagamento de serviços essenciais. Somente entre outubro e dezembro de 2025, nenhum repasse contratual foi realizado, gerando um rombo de R$ 79,4 milhões, além de dívidas antigas e reajustes nunca pagos.

O impacto dessa negligência já é concreto. O hospital adotou medidas de contingência, como o bloqueio de internações em enfermaria e a suspensão de primeiras consultas especializadas, sinalizando que o colapso não é uma hipótese distante, mas uma realidade em curso. Em um sistema que já opera no limite, qualquer redução no atendimento pediátrico especializado tem efeito em cadeia e pode resultar em agravamento de quadros clínicos e aumento de mortalidade evitável.

Leia Também:  Operação Sisamnes: PGR pede mais prazo à PF para aprofundar suspeita de venda de decisões no STJ

MPDFT e TCDF entram em cena diante da omissão do Executivo

Diante da incapacidade do GDF de honrar compromissos básicos, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) acionou a Justiça com pedido de urgência, exigindo a regularização dos repasses em até 48 horas após decisão judicial. A atuação do MP evidencia que a crise ultrapassou o campo administrativo e passou a configurar risco institucional à saúde pública, fruto de escolhas orçamentárias e de gestão questionáveis.

O Tribunal de Contas do DF (TCDF) também interveio, determinando que as secretarias de Saúde e de Economia expliquem, em até 10 dias, por que o hospital chegou a esse nível de asfixia financeira. Em decisão liminar, o conselheiro Manoel Andrade foi direto ao classificar a situação como um “golpe particularmente grave”, atribuindo o problema à má definição de prioridades do governo.

Repasses parciais não resolvem o problema

Na tentativa de conter a repercussão negativa, a Secretaria de Saúde realizou um depósito parcial de R$ 6,4 milhões. O valor, porém, foi considerado claramente insuficiente pela direção do hospital, incapaz de recompor estoques, normalizar atendimentos ou afastar o risco de fechamento de leitos de UTI.

Leia Também:  Investigado por falta de médicos, HRMS também é alvo de inquérito por falta de medicamentos contra câncer

A justificativa apresentada pelo governo — de que aguarda autorização da Secretaria de Economia para liberar o restante dos recursos — reforça a percepção de desorganização interna e falta de coordenação, enquanto crianças seguem internadas em uma rede já saturada.

Falha de gestão com consequências diretas

O promotor de justiça Vinícius Bertaia alertou que qualquer redução na capacidade do HCB terá impacto imediato sobre toda a rede pública, que já convive com leitos bloqueados e altas taxas de ocupação. Na prática, o atraso nos repasses não é apenas um problema contábil, mas uma decisão que empurra o sistema para o limite e expõe famílias a riscos desnecessários.

A crise no Hospital da Criança revela mais do que um descumprimento contratual: evidencia um modelo de gestão incapaz de garantir previsibilidade financeira para serviços essenciais. Em um setor onde tempo, estrutura e recursos significam vidas salvas, a omissão do Governo do DF cobra um preço alto — pago, sobretudo, por quem não tem voz nem alternativa: as crianças.

 

COMENTE ABAIXO:

Compartilhe essa Notícia

publicidade

publicidade

publicidade

Previous slide
Next slide

publicidade

Previous slide
Next slide