A antecipação da eleição da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Campo Grande para o biênio 2027/2028 reacendeu críticas sobre a prática recorrente de decisões tomadas longe do debate público e do interesse direto da população. Nesta quinta-feira (10), os vereadores reconduziram o presidente da Casa, Epaminondas Neto, o Papy (PSDB), ao comando do Legislativo até 2028, mesmo faltando cerca de um ano e meio para o início do novo mandato da Mesa.
A manobra, embora legal, levanta questionamentos sobre a real necessidade de antecipar um processo que deveria refletir o cenário político mais próximo do período de vigência. Para críticos, a estratégia serve mais para blindar acordos políticos e consolidar poder do que para garantir estabilidade institucional.
A eleição manteve praticamente intacta a atual composição da Mesa Diretora, sinalizando pouca disposição para renovação interna ou alternância de liderança. A única mudança anunciada foi na vice-presidência: o vereador André Salineiro (PL) deixará a 1ª vice, que passará a ser ocupada por Lívio Leite (União), enquanto Ana Portela (PL) assume a 2ª vice-presidência.
Apesar da justificativa de Salineiro que afirma deixar o cargo para se dedicar à liderança do PL , o rearranjo interno não altera o quadro geral de continuidade e acordos previamente costurados. A ausência de disputa, debate público ou apresentação de propostas para a gestão futura da Câmara reforça a percepção de que a decisão foi meramente protocolar.
Especialistas em política local apontam que eleições antecipadas da Mesa Diretora acabam afastando o Legislativo de sua função principal, que é representar os interesses da população e fiscalizar o Executivo. “Quando se antecipa uma eleição dessa forma, o recado que fica é que a prioridade não é o cidadão, mas a manutenção de espaços de poder”, avalia um cientista político ouvido pela reportagem.
Enquanto isso, temas urgentes da cidade seguem aguardando maior protagonismo do Legislativo, que opta por resolver com antecedência suas próprias disputas internas, sem consultar a sociedade ou ampliar o diálogo sobre os rumos da Casa de Leis.
A recondução de Papy até 2028, sem resistência ou debate significativo, expõe mais uma vez a distância entre a dinâmica política interna da Câmara e as expectativas da população campo-grandense por transparência, renovação e participação efetiva.



















