A política sul-mato-grossense tem vivido uma reviravolta interessante nas últimas semanas, com a movimentação de Renan Contar, o “Capitão Contar”, de volta ao campo bolsonarista. No entanto, sua reintegração ao Partido Liberal (PL) para disputar uma vaga no Senado não tem sido exatamente uma recepção calorosa, especialmente no que se refere ao relacionamento com o ex-governador Reinaldo Azambuja, presidente do diretório estadual da legenda.
Na terça-feira (2), Contar formalizou sua filiação ao PL em um evento em Brasília, que contou com a presença da cúpula nacional do partido. No entanto, a ausência de Azambuja e de outros líderes do PL/MS foi notável e não passou despercebida. Enquanto o ex-governador pescava nos rios da Amazônia, Renan Contar dava início à sua jornada política sozinho, sem o apoio explícito das lideranças locais que, teoricamente, deveriam ser suas aliadas naturais.
Esse distanciamento revela um racha dentro do PL estadual, uma divisão que tem raízes no passado recente. Durante a corrida ao governo do Estado em 2022, Contar conseguiu angariar o voto da direita e surfou na onda bolsonarista, garantindo um lugar no segundo turno. Porém, com sua derrota e a ascensão de Azambuja como uma figura central no partido em MS, as relações entre os dois começaram a se desgastar.
A ausência de Azambuja: um gesto simbólico
A falta de atenção dada por Azambuja ao evento de filiação de Contar é um sinal claro de que o ex-governador não vê com bons olhos a volta de Contar à esfera bolsonarista, ainda mais dentro do PL. Reinaldo Azambuja, ao não comparecer e sequer enviar representantes, estabeleceu uma linha de distância entre si e o ex-deputado estadual. É possível que, por trás dessa atitude, haja uma estratégia política de reafirmar sua liderança no Estado e proteger sua base de apoio, especialmente após a polarização crescente nas eleições de 2022.
Fontes próximas a Renan Contar indicam que o ex-deputado tem se mostrado cada vez mais afastado da figura de Azambuja. Ele, aparentemente, prefere se distanciar da imagem do ex-governador, cuja popularidade, embora consolidada, não tem sido suficiente para fortalecer o vínculo com todos os membros do PL, especialmente os mais alinhados ao bolsonarismo.
Contar em busca de um novo espaço político
A tentativa de Renan Contar de se filiar ao PL e disputar o Senado é uma tentativa clara de voltar ao cenário político de MS, mas essa movimentação não tem sido recebida com o mesmo entusiasmo que teve em 2022. Quando se lançou como candidato ao governo, Contar conseguiu se tornar uma opção viável para o eleitorado de direita, canalizando o apoio dos eleitores que estavam com Jair Bolsonaro e que ansiavam por um nome que se alinhasse diretamente com a agenda do presidente. Contudo, essa aliança agora parece estar em risco, com Contar encontrando um partido sob o controle de uma liderança que não está disposta a facilitar sua reintegração ao jogo político.
A estratégia de Azambuja, por sua vez, parece ser clara: consolidar o controle do PL em MS, estabelecendo sua própria narrativa e afastando os elementos que possam vir a fragmentar sua base de apoio. Nesse sentido, a rejeição de Contar, que já se aproxima de uma hostilidade política, pode ser uma forma de reforçar sua posição e garantir que o partido no Estado não se perca em divisões internas.




















