Investigação segue rastros deixados por vice-presidente da Fiems e ex-secretário de Azambuja e Riedel
A Voz da Verdade. Em latim, esta expressão se escreve ou se fala “Vox Veritas”, nome escolhido pela Polícia Federal (PF) para a operação realizada em 21 de maio, no curso das investidas contra um esquema de desvio de verbas públicas na Secretaria Estadual de Educação (SED). a PF apreendeu R$ 510,2 mil em espécie, que estava em dois endereços de pessoas investigadas, uma num apartamento do Edifícil Hannover, em Campo Grande (R$ 363,4 mil), e outra no Bauhaus Ipanema, no Rio de Janeiro (R$ 146,8 mil).
O esquema consistia na manipulação fraudulenta das licitações na SED, envolvendo servidores públicos e empresários. As investigações, iniciadas no governo do tucano Reinaldo Azambuja (PSDB), chegaram a servidores de alto escalão, como o ex-adjunto da Pasta, Édio Antonio de Castro Rezende, que chegou a ser preso, e empresários de renome, entre eles Luiz Gonzaga Crosara Junior, o vice-presidente da Federação das Indústrias (Fiems) e substituto imediato do presidente Sérgio Longen.
GORDIM – Presidente do Sinfor (Sindicato das Indústrias de Informática de Mato Grosso do Sul), Crosara Jr teve seu nome citado nas gravações obtidas pelos agentes da PF, cujos trechos foram publicados na edição do “Correio do Estado” de 29 de maio passado. Ele, segundo suspeita a PF, seria o “Gordim” a quem dois interlocutores investigados se referiam num diálogo telefônico sobre valor das propinas.
Para a PF, Édio Rezende tinha força no sistema, porém seguia às ordens de gente bem mais poderosa, provavelmente tendo no comando alguém cognominado “Sistema Solar”. No caso de Crosara, o que ficou marcado é seu arco influente de relações empresariais e políticas. Vice-presidente da Fiems, ele deve festejar seu sucesso nos negócios junto aos cofres públicos, como a prorrogação de um contrato de R$ 14,3 milhões para sua empresa, CJR Empreendimentos Comerciais Eireli, prestar ao governo estadual serviços de locação de materiais, equipamentos com montagem e desmontagem para realização de eventos.
Este contrato foi lançado sob suspeita pelo deputado estadual João Henrique Catan (PL). O parlamentar questionou a falta de transparência em alguns itens, como os locais de serviço e a frequência de uso dos geradores locados, além dos valores. O primeiro relatório da PF tem 85 páginas. O delegado Marcos Damato está fazendo um longo e paciente trabalho de investigação das peças processuais, para apurar com certeza as responsabilidades de cada um nos milionários desvios que vinham sendo efetuados.